Journal De Bruxelles - China alerta OMC que tarifas dos EUA causarão 'graves prejuízos' aos países pobres

China alerta OMC que tarifas dos EUA causarão 'graves prejuízos' aos países pobres
China alerta OMC que tarifas dos EUA causarão 'graves prejuízos' aos países pobres / foto: Jung Yeon-je - AFP

China alerta OMC que tarifas dos EUA causarão 'graves prejuízos' aos países pobres

A China surgiu como defensora dos países pobres neste sábado (12), ao dizer à Organização Mundial do Comércio (OMC) que as tarifas impostas pelos Estados Unidos causarão "graves prejuízos" e, em alguns casos, podem levar a uma "crise humanitária".

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As duas maiores economias do mundo estão envolvidas em uma guerra comercial desde que o presidente americano, Donald Trump, anunciou tarifas astronômicas de 145% sobre os produtos chineses.

O gigante asiático respondeu com tarifas de 125% sobre os produtos americanos, causando ainda mais turbulência nos mercados.

O ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, alertou que as tarifas de Washington "causarão graves prejuízos aos países em desenvolvimento, especialmente os menos desenvolvidos, e podem até desencadear uma crise humanitária", de acordo com um comunicado divulgado por seu gabinete.

"Os Estados Unidos continuam introduzindo medidas tarifárias, gerando grande incerteza e instabilidade ao redor do mundo e causando caos tanto internacionalmente" quanto dentro de seu próprio país, acrescentou ele durante uma conversa telefônica na sexta-feira com a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala.

- "Otimista" -

A China afirmou, na sexta-feira, que "ignorará" quaisquer novos aumentos de tarifas impostos pelos Estados Unidos a partir de agora, dizendo que "neste nível", "os produtos americanos exportados para a China não têm mais nenhuma chance de serem aceitos no mercado".

O país asiático também anunciou que apresentaria uma queixa à OMC sobre a última rodada de tarifas de Trump, depois de ter recorrido ao órgão esta semana.

As exportações chinesas para os Estados Unidos ultrapassaram os US$ 500 bilhões (R$ 3 trilhões na cotação da época) no ano passado, representando 16,4% do total, de acordo com os serviços alfandegários de Pequim.

Apesar das tensões, Trump permaneceu "otimista" sobre um acordo comercial com Pequim na sexta-feira, afirmando que sua política tarifária estava "funcionando muito bem".

O presidente republicano recuou parcialmente em sua ofensiva protecionista na quarta-feira e suspendeu por 90 dias as tarifas adicionais direcionadas aos parceiros comerciais dos EUA, exceto Pequim, mantendo ao mesmo tempo certas tarifas aumentadas e um imposto mínimo de 10%.

- Taiwan -

Enquanto isso, o governo de Taiwan anunciou suas primeiras negociações tarifárias com os Estados Unidos em um comunicado neste sábado.

O objetivo, acrescentaram as autoridades, é continuar as discussões para estabelecer laços comerciais "fortes e estáveis".

O presidente taiwanês, Lai Ching-te, disse na sexta-feira que a ilha, que busca proteger seus exportadores de uma tarifa de 32%, estava "na primeira lista de negociação do governo americano".

O superávit comercial de Taiwan com os Estados Unidos é o sétimo maior de todos os países e atingiu US$ 73,9 bilhões (R$ 457,5 bilhões na cotação da época) em 2024.

Cerca de 60% das exportações taiwanesas para os Estados Unidos são produtos relacionados às tecnologias de informação e comunicação, como os semicondutores.

Os chips ficaram isentos das novas tarifas impostas por Trump. Muitos taiwaneses, no entanto, ficaram surpresos com a magnitude dos impostos alfandegários.

A China considera Taiwan parte de seu território e nunca descartou o uso da força para retomar o controle.

O.Meyer--JdB