Journal De Bruxelles - Chegou 'o grande dia' para Trump, que imporá tarifas ao resto do mundo

Chegou 'o grande dia' para Trump, que imporá tarifas ao resto do mundo
Chegou 'o grande dia' para Trump, que imporá tarifas ao resto do mundo / foto: Jim WATSON - AFP

Chegou 'o grande dia' para Trump, que imporá tarifas ao resto do mundo

O “grande dia” chegou para o presidente Donald Trump, que está determinado a assinar a ordem de tarifas “recíprocas” nesta quinta-feira (13), uma nova espiral na guerra comercial aberta com os aliados econômicos dos EUA.

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Foram “três semanas fantásticas, talvez as melhores de todos os tempos, mas hoje é o grande dia: tarifas recíprocas!!!”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social.

Ele acrescentou: “Vamos tornar a América grande novamente!!!”, seu slogan de campanha.

Em seguida, ele anunciou que realizará uma coletiva de imprensa às 13h (15h em Brasília) no Salão Oval.

O presidente republicano quer impor o mesmo nível de tarifas sobre os produtos que entram nos EUA vindos de outro país que o aplicado aos produtos americanos exportados para lá.

A ideia é nivelar as tarifas alfandegárias, o que é um golpe para alguns países emergentes, como o Brasil ou a Tailândia, que impõem tarifas altas para proteger suas respectivas economias.

Por exemplo, a Índia, cujo primeiro-ministro Narendra Modi visitará a Casa Branca nesta quinta-feira, aplica uma tarifa de 25% sobre os carros americanos, o que significaria que os Estados Unidos poderiam fazer o mesmo com os carros indianos.

Trump já anunciou tarifas adicionais de 10% sobre produtos chineses e 25% sobre alumínio e aço. Uma política econômica agressiva com um único objetivo: “América em primeiro lugar”.

As taxas sobre esses dois metais afetam vários países da América Latina, mas especialmente o Brasil, o México e a Argentina.

A tarifa de 25% sobre o aço, o alumínio e os derivados será imposta sem exceções ou isenções, o que inclui nações que anteriormente estavam isentas, como o Canadá ou o México, seus parceiros no acordo comercial da América do Norte (T-MEC).

Ambos os países também estão em liberdade condicional por algumas semanas em relação a outras tarifas de 25% que ele imporá a eles se não chegarem a um acordo, para incentivá-los a combater a imigração ilegal e o tráfico de fentanil, um opioide sintético que causa estragos nos Estados Unidos.

O presidente diz que usa as tarifas como uma ferramenta para tornar o país “rico novamente”.

- Olho por olho -

Sua ideia é aumentar as tarifas para financiar parcialmente os cortes de impostos e absorver o crescente déficit comercial, mas também como um meio de pressão.

E ele está fazendo isso aplicando a lei da retribuição, “olho por olho, dente por dente”.

Uma abordagem “muito simples”, diz ele: “se eles nos fizerem pagar, nós os faremos pagar”.

“O pensamento do presidente Trump é que, pelo menos, todos nós podemos concordar que, se eles nos taxam em 20%, nós deveríamos poder taxá-los em 20%. Portanto, se eles reduzirem suas tarifas, nós reduziremos suas tarifas, essa é a ideia de reciprocidade”, disse seu assessor econômico Kevin Hassett à CNBC na segunda-feira.

Mas os economistas alertam que esse uso de tarifas pode irritar governos e empresas estrangeiras e prejudicar a economia dos EUA.

Eles não descartam uma possível retaliação ou até mesmo pedidos de boicote, como ocorreu no Canadá. E isso poderia enfraquecer setores já em dificuldades, como a agricultura.

“É possível que, no final, vejamos países tentando se desligar do mercado dos EUA. É um mercado enorme, muito lucrativo, mas também tão arriscado que pode acabar se tornando menos atraente do ponto de vista econômico”, diz o economista Maurice Obstfeld.

Muitos analistas também preveem preços mais altos para os americanos, já que as tarifas são pagas pelos importadores e geralmente são repassadas aos consumidores.

Um fator que deve ser levado em conta. Os especialistas atribuem a vitória eleitoral de Trump em novembro passado, em grande parte, à insatisfação do público com a inflação.

Após um pico de inflação de +9,5% na primavera de 2022 (de acordo com o índice CPI), o aumento dos preços continuou, embora em um ritmo mais moderado.

O índice do IPC publicado na quarta-feira lança uma nova sombra sobre o quadro: os preços ao consumidor aumentaram 3% em relação ao ano anterior em janeiro, mesmo antes da entrada em vigor das novas tarifas alfandegárias.

M.F.Schmitz--JdB