Journal De Bruxelles - Milei pede um Mercosul com 'mais liberdade para fazer negócios fora' do bloco

Milei pede um Mercosul com 'mais liberdade para fazer negócios fora' do bloco
Milei pede um Mercosul com 'mais liberdade para fazer negócios fora' do bloco / foto: Eitan ABRAMOVICH - AFP

Milei pede um Mercosul com 'mais liberdade para fazer negócios fora' do bloco

O presidente da Argentina, Javier Milei, pediu, nesta sexta-feira (6), um Mercosul com "mais liberdade para fazer negócios fora" do bloco, uma proposta constante de seu par uruguaio, Luis Lacalle Pou, que lhe entregou a presidência pro tempore do bloco comercial sul-americano.

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Milei, um economista ultraliberal, falou durante a 65ª cúpula do Mercosul, ao assumir até meados do próximo ano a presidência rotativa do grupo, que seu país fundou com Brasil, Paraguai e Uruguai em 1991, e ao qual a Bolívia se juntou recentemente.

Em sua primeira reunião de chefes de Estado do Mercosul, após faltar à reunião de julho em Assunção, Milei questionou o funcionamento do bloco, que, segundo ele, representa "apenas 1,6% do comércio mundial", e prometeu "uma virada" para melhorar os intercâmbios internos e externos.

"Nossa presidência explorará um regime de maior flexibilidade e autonomia comercial para os membros do bloco, para que cada um possa firmar acordos comerciais que sejam convenientes para si", afirmou.

"Que cada país possa determinar até onde sim e até onde não, levando em consideração as necessidades de sua própria população, entendendo que o bloco se beneficia do benefício de seus integrantes", enfatizou.

O presidente argentino, que em um discurso mais cedo havia alertado que o Mercosul "acabou se tornando uma prisão" para seus membros, anunciou que quer "revisar a tarifa externa comum, que é excessivamente alta".

O Mercosul - Mercado Comum do Sul - não permite que seus membros plenos busquem acordos comerciais com terceiros países sem a anuência dos demais Estados-membros.

Milei também disse que é necessário "impulsionar mudanças" em questões de segurança.

"A Tríplice Fronteira (entre Argentina, Brasil e Paraguai) se tornou uma peneira para os grupos narcoterroristas, que a cada dia expandem mais suas áreas de influência na região", alertou.

Por isso, promoverá a criação de uma agência "com investigadores de todos os países, que estudarão as gangues que tentam dominar" o território dos países do Mercosul.

- "Dois caminhos" -

Para Milei, o Mercosul como está hoje "traz mais problemas do que soluções".

"A realidade é que temos dois caminhos. Ou aceitamos que o Mercosul não funciona e o dissolvemos, o que não é a vontade do governo argentino. Ou o adaptamos para que seja funcional às necessidades atuais de seus membros", argumentou.

Desde o início de seu mandato, que termina em 1º de março, o presidente do Uruguai, líder de uma coalizão de centro-direita, defendeu sem sucesso a flexibilização do bloco, seguindo a linha de seus predecessores no século XXI.

"A existência do Mercosul não se contradiz com a flexibilidade do bloco", insistiu Lacalle Pou ao se despedir de seus pares, destacando sua concordância com Milei.

"Deixem-nos ser, deixem-nos crescer, porque estamos convencidos de que não atentamos contra o espírito fundacional, simplesmente progredimos", declarou o presidente uruguaio em fim de mandato.

T.Bastin--JdB