Journal De Bruxelles - Negociações sobre as finanças do clima começam na COP29 após novo alerta dos cientistas

Negociações sobre as finanças do clima começam na COP29 após novo alerta dos cientistas
Negociações sobre as finanças do clima começam na COP29 após novo alerta dos cientistas / foto: Alexander NEMENOV - AFP

Negociações sobre as finanças do clima começam na COP29 após novo alerta dos cientistas

As negociações sobre como financiar a luta contra as mudanças climáticas começou nesta quarta-feira (13) na COP29, com posições distantes, coincidindo com um relatório científico alarmante sobre o ritmo de aquecimento do planeta.

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Os representantes dos quase 200 países reunidos em Baku devem alcançar um acordo sobre um valor e sobre quem pagará pela luta climática nos próximos anos.

Um novo rascunho do acordo foi apresentado às partes negociadoras. O documento tem 34 páginas, muito maior que a versão anterior, que não agradava a ninguém.

O principal objetivo principal da COP29 é concretizar um aumento das ajudas atuais, dos países industrializados para os mais vulneráveis, diante das mudanças climáticas.

O valor atual é de pouco mais de 100 bilhões de dólares (575 bilhões de reais) anuais, mas as exigências se aproximam de um trilhão de dólares (R$ 5,75 trilhões).

O novo texto apresentado nesta quarta-feira reúne todas as opções, resumidas em seis propostas repletas de colchetes e parênteses.

Todas as opções propõem, no mínimo, a quantia de 1 trilhão de dólares por ano, mas com definições muito variáveis.

Segundo fontes próximas às negociações, o grupo regional latino-americano AILAC (Aliança Independente da América Latina e do Caribe) propôs ao grupo de trabalho uma parcela específica de ajuda para a região, enquanto outra opção seria que todos os países menos desenvolvidos (essencialmente os africanos) recebam pelo menos 220 bilhões de dólares.

A COP29, onde as decisões são tomadas por consenso, termina em 22 de novembro.

"Os negociadores devem trabalhar agora para reduzir a proposta a algumas decisões cruciais sobre as quais os ministros terão que lutar na próxima semana", comentou David Waskow, do grupo de pesquisas WRI.

- Emissões aumentam -

Ao mesmo tempo, alertas científicos sobre o estado do planeta continuam sendo divulgados, de modo paralelo aos discursos de líderes mundiais que compareceram - em um número abaixo da média - ao evento de Baku.

Cientistas do 'Global Carbon Project' publicaram seu aguardado estudo sobre as emissões mundiais de CO₂, geradas pela combustão de carvão, petróleo e gás: um novo recorde será atingido este ano.

Pior ainda, os 120 cientistas que colaboraram no estudo consideram que o mundo deve ter como objetivo atingir zero emissões líquidas de CO₂ até o final da década de 2030 se deseja conter o aquecimento global a 1,5°C na comparação com o final do século XIX.

A meta deveria ser alcançada muito antes de 2050, o objetivo atualmente previsto por mais de 100 países, incluindo a maioria dos países ricos.

"Nada indica ainda que o uso de combustíveis fósseis tenha atingido seu máximo", declarou o professor Pierre Friedlingstein, da Universidade de Exeter (Reino Unido), embora o pico esteja "frustrantemente próximo".

O anfitrião da conferência climática da ONU, o presidente azerbaijano Ilham Aliyev, afirmou na abertura do encontro de cúpula que petróleo e gás são "presentes de Deus".

O ambiente na COP29 é mais cauteloso que em reuniões anteriores, após a vitória eleitoral de Donald Trump nos Estados Unidos.

"Não há uma alternativa única às energias fósseis", disse a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, que também pediu uma visão "realista" e desconfiança de "qualquer política muito ideológica".

Mas os países avançam na conversão energética: os Estados Unidos anunciaram que pretendem triplicar sua capacidade nuclear até 2050.

K.Willems--JdB