Journal De Bruxelles - Ganhadores do Nobel de Física alertam para avanços recentes da IA

Ganhadores do Nobel de Física alertam para avanços recentes da IA
Ganhadores do Nobel de Física alertam para avanços recentes da IA / foto: Jonathan NACKSTRAND - AFP

Ganhadores do Nobel de Física alertam para avanços recentes da IA

Os cientistas John Hopfield e Geoffrey Hinton, recompensados nesta terça-feira (8) com o prêmio Nobel de Física por seus trabalhos pioneiros sobre a Inteligência Artificial (IA), alertaram para os avanços desta tecnologia e pediram mais pesquisas.

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O americano Hopfield, professor emérito da Universidade de Princeton, pediu uma maior compreensão sobre o funcionamento destes sistemas para evitar que se tornem incontroláveis.

Em um vídeo gravado na Grã-Bretanha para uma reunião da Universidade de Nova Jersey, o pesquisador de 91 anos lembrou que durante sua vida testemunhou o surgimento de duas tecnologias poderosas, mas potencialmente perigosas: a engenharia biológica e a física nuclear.

"Estamos acostumados a tecnologias que não são boas ou más, podendo funcionar nos dois sentidos", afirmou.

"Como físico, me preocupa muito algo que não está controlado, algo que não entendo o suficiente para saber quais limites poderiam ser impostos a esta tecnologia", acrescentou.

Os sistemas modernos de IA parecem "maravilhas absolutas", mas ainda não se compreende bem como funcionam, o que é "muito, muito preocupante", enfatizou.

"É por isso que, assim como Geoffrey Hinton (co-ganhador do Nobel), defendo firmemente uma melhor compreensão", disse, reconhecendo que a IA "desenvolveria capacidades que vão além das que se podem imaginar agora".

- A IA assumirá o controle? -

Com a ascensão vertiginosa da inteligência artificial e a corrida feroz entre empresas, alguns cientistas apontam que esta tecnologia está evoluindo mais rapidamente do que os cientistas são capazes de compreender.

Hopfield e o britânico-canadense Hinton, conhecido como "o padrinho da IA", ganharam, nesta terça, o prêmio Nobel de Física por seu trabalho pioneiro sobre as bases da inteligência artificial, e ambos alertaram sobre a tecnologia que ajudaram a criar.

As pesquisas dos dois sobre as redes neurais que remontam à década de 1980 abriram o caminho para os sistemas de aprendizagem profunda de hoje, que prometem revolucionar a sociedade, mas geram temor por seus alcances.

O próprio Hinton, de 76 anos, conhecido como um pessimista da IA, voltou a alertar para os riscos, nesta terça, durante uma coletiva de imprensa na Universidade de Toronto, da qual é professor emérito.

"Se você olhar ao redor, há muito poucos exemplos de coisas mais inteligentes que são controladas por coisas menos inteligentes, o que faz com que você se pergunte se, quando a IA for mais inteligente que nós, assumirá o controle...", disse ele aos jornalistas.

Ele também admitiu que atualmente é impossível saber como escapar dos cenários catastróficos, e "por isso precisamos de mais pesquisas urgentemente".

"Nossos melhores pesquisadores jovens, ou muitos deles, deveriam trabalhar na segurança da IA, e os governos deveriam obrigar as grandes empresas a proporcionar as instalações necessárias para fazê-lo", acrescentou.

Nesta quarta-feira será atribuído o Nobel de Química, e na quinta e na sexta serão anunciados os ganhadores dos prêmios de Literatura e da Paz.

Em 14 de outubro, o anúncio do ganhador do Nobel de Economia encerrará a temporada de 2024.

P.Mathieu--JdB