

Francisco, um papa na era das redes sociais e da IA
O papa Francisco, uma estrela da internet às vezes relutante, sabia como usar as redes sociais para se comunicar, ao mesmo tempo em que alertava regularmente sobre os riscos da desinformação e o potencial abuso da inteligência artificial (IA).
A conta do X (antigo Twitter) @pontifex, criada em 2012 por seu antecessor Bento XVI, poucos meses antes da eleição de Francisco como pontífice, contribuiu para modernizar a comunicação do líder da Igreja Católica, dirigindo-se especialmente aos mais jovens.
Francisco alcançou sucesso instantâneo nesta rede. Com um total de 50 milhões de seguidores, a conta está disponível em nove idiomas: inglês, italiano, espanhol, português, francês, polonês, alemão, árabe e até latim, que faz um sucesso surpreendente com 1 milhão de seguidores.
Em março de 2016, três anos após o início de seu pontificado, o papa argentino foi ainda mais longe e criou a conta Franciscus no Instagram, que atraiu quase 10 milhões de seguidores.
Assim como no X, o Vaticano publica fotos e vídeos todos os dias, a maioria de cunho religioso, trechos de discursos, textos e intervenções públicas do líder espiritual dos 1,4 bilhão de católicos do mundo.
Seu último vídeo no Instagram, um trecho de um discurso proferido durante a missa do Domingo de Páscoa, recebeu cerca de 400.000 curtidas.
No entanto, essa popularidade não impediu o falecido jesuíta argentino de denunciar regularmente os efeitos negativos das redes sociais.
Embora sirvam "para nos conectar mais", elas também podem "reforçar o nosso autoisolamento", argumentou ele em 2019, em uma mensagem publicada por ocasião do 53º Dia Mundial das Comunicações Sociais.
"Elas também se prestam à manipulação de dados pessoais", acrescentou.
Em junho de 2024, Francisco chamou a IA de "um instrumento fascinante e tremendo" e alertou contra seu uso para fins militares.
Em janeiro deste ano, quando o X, propriedade do bilionário Elon Musk, foi suspeito de espalhar informações falsas e manipular o debate público na Europa, ele também denunciou a "desinformação e a polarização, onde poucos centros de poder controlam uma massa de dados e informações sem precedentes".
Poucos dias antes, ele já havia denunciado a era das "fake news" e alertado contra o abuso da inteligência artificial (IA) quando é usada para "manipular consciências".
Ele mesmo foi alvo de imagens geradas por IA que viralizaram na internet, nas quais aparecia em uma boate ou se casando.
Em março de 2023, imagens do papa Francisco vestindo uma luxuosa jaqueta branca Balenciaga e um crucifixo no pescoço, em um estilo que lembra os rappers americanos, se espalharam pelo mundo em poucas horas.
No entanto, a Igreja não tardou a aproveitar essas ferramentas para a evangelização: plataformas como CatéGPT e HelloBible oferecem esclarecimento aos fiéis sobre a doutrina católica.
A.Parmentier--JdB