

Festival Cinélatino destaca produção indígena e homenageia Karim Aïnouz
O Cinélatino, festival de cinema latino-americano em Toulouse, começa nesta sexta-feira com 11 longas-metragens em competição, um olhar para autores indígenas e uma homenagem a um dos diretores mais conhecidos da região, o brasileiro Karim Aïnouz.
"Continuamos sendo um festival que acompanha de perto as questões políticas e sociais, particularmente a questão da injustiça que continua a assolar a América Latina", disse à AFP por telefone Marion Gautreau, presidente do conselho de administração deste festival do sul da França.
O festival, um dos mais importantes da Europa para a promoção do cinema latino-americano, também dedicará sua seção especial "Otra Mirada" à obra da argentina Albertina Carri (1973), autora de obras feministas críticas aos tabus sociais, como "La Rabia" e "Las Hijas del Fuego".
Carri concorrerá com seu mais recente filme, "Caigan las Rosas Blanca!", uma espécie de road movie lésbico.
O 37º Cinélatino será realizado este ano em várias salas de de Toulouse devido a obras na cinemateca da cidade.
A cerimônia de premiação, com o Flechazo como prêmio principal, será no sábado, 29 de março.
- Carreira brasileira e internacional -
Aïnouz é um dos cineastas mais importantes da cena brasileira, alternando obras rodadas no país, como "Motel Destino", que concorreu à Palma de Ouro em 2024, e produções internacionais, como "O Jogo da Rainha" (Firebrand), com Jude Law e Alicia Vikander, que também foi exibido em Cannes, em 2023.
Nascido em 1966 em Fortaleza, Aïnouz também tem raízes argelinas e em 2019 filmou "O Marinheiro das Montanhas" (2021), uma homenagem à memória do pai.
Seu primeiro longa-metragem, "Madame Satã" (2002), ganhou o prêmio de Melhor Filme no festival de Chicago.
Entre os 11 concorrentes ao Flechazo, destaca-se o novo filme do colombiano César Augusto Acevedo (Caméra d'Or em Cannes em 2015), "Horizonte", com o ator Claudio Cataño ("Cem Anos de Solidão").
"Zafari", de Mariana Rondón, ilustra a fome e o desespero de um grupo de moradores de um prédio na Venezuela.
"Ficamos sempre muito felizes quando conseguimos programar um filme venezuelano porque é muito raro", explica Marion Gautreau.
"É um daqueles países latino-americanos onde não estão reunidas as condições necessárias para uma produção cinematográfica de grande porte e de alta qualidade", acrescenta.
Jorge Riquelme ("Algunas Bestias", vencedor do prêmio para novos diretores em San Sebastián em 2019) mais uma vez ambienta seu último filme na costa chilena. "Isla Negra" conta com performances de Alfredo Castro e Marcela Salinas, entre outros.
"Querido Trópico" é um filme panamenho dirigido por Ana Endara, uma história sobre os estragos da senilidade estrelada por Paulina García.
Desta vez, o Cinélatino apresenta "Miradas y Voces Indígenas" como uma seção separada, com diretores do Brasil, Colômbia, México e muito mais.
"Este cinema vem crescendo há anos, mas desta vez há filmes suficientes para criar uma programação [separado]. E estamos prontos para apoiá-lo", diz Gautreau.
Y.Niessen--JdB