Journal De Bruxelles - Ministra francesa da Cultura critica 'wokismo, política de censura'

Ministra francesa da Cultura critica 'wokismo, política de censura'
Ministra francesa da Cultura critica 'wokismo, política de censura' / foto: Miguel MEDINA - AFP/Arquivos

Ministra francesa da Cultura critica 'wokismo, política de censura'

A nova ministra francesa da Cultura, Rachida Dati, afirmou nesta terça-feira (6) que "o wokismo se tornou uma política de censura" e prometeu que "não apoiará" aqueles que promovem a "desconstrução".

Tamanho do texto:

"Sou a favor da liberdade de arte e de criação, não sou a favor da censura", declarou à emissora CNews-Europe 1.

"Wokismo", ou "movimento woke", é um termo inglês surgido nos Estados Unidos, ligado à luta contra a segregação racial e se refere ao "despertar", ou "tomada de consciência" ("to wake") de qualquer pessoa que descubra e assuma as reivindicações contra qualquer tipo de discriminação.

Na última década, o movimento woke assumiu muitos outros objetivos, como a luta anticolonial, de gênero, contra a mudança climática, entre outros.

Ex-ministra e de direita, Dati foi nomeada no início de janeiro pelo presidente Emmanuel Macron, em um ambiente tenso na cultura francesa, devido à proliferação de denúncias sobre casos de assédio sexual no setor do entretenimento, de discussões sobre o passado colonial, ou denúncia do auge da extrema direita.

"Sou muito sensível à luta contra as discriminações" realizada por este movimento, mas "considero que o 'wokismo' se tornou uma política de censura", acrescentou a ministra do partido Os Republicanos (LR).

Dati disse que abriu uma discussão interna com funcionários de alto escalão do ministério.

"Vou pedir a eles que monitorem o apoio à liberdade de criação e que não apoiem esses novos censores", afirmou.

"Combater as discriminações, os determinismos sociais, é uma luta. Cultura não é desconstrução, não é apagamento. Não serei alguém que está ao lado dos censores", assegurou.

A França retomou com força esse debate "woke", proveniente dos Estados Unidos, onde a intelectualidade e a maioria dos meios universitários enfrentam uma ofensiva dos políticos e dos veículos de comunicação conservadores, que denunciam o que consideram uma "cultura do cancelamento", na qual qualquer personalidade é submetida ao escrutínio ideológico, ou social.

A esquerda intelectual considera, por sua vez, que essa tomada de consciência tem permitido desmascarar comportamentos racistas, ou sexistas.

J.M.Gillet--JdB