

Ex-presidente panamenho Martinelli viajará a Nicarágua na 2ª feira, apesar de alerta da Interpol
O ex-presidente panamenho Ricardo Martinelli sairá nesta segunda-feira da embaixada da Nicarágua, onde se refugiou para evitar uma condenação de prisão por lavagem de dinheiro, e viajará a Manágua, mesmo com uma ordem de captura da Interpol, informou a polícia neste domingo (30).
"Recebemos uma ordem da Interpol [...], mas esse alerta não vai interromper o processo que existe com o protocolo com o qual o ex-presidente viaja à Nicarágua" na segunda, antes de o salvo-conduto expirar à meia-noite, disse aos jornalistas o diretor da Polícia do Panamá, Jaime Fernández.
O chefe policial informou que "desde cedo amanhã [segunda-feira]" começará a operação que fará a segurança de Martinelli da embaixada, no norte da capital, até o aeroporto — em horário não especificado —, em cumprimento da condição de asilo político que o governo de Daniel Ortega lhe concedeu.
Martinelli, um magnata de 73 anos que governou o Panamá de 2009 a 2014, buscou refúgio na embaixada nicaraguense em 7 de fevereiro de 2024, pouco antes de um tribunal local emitir um mandado de captura contra ele para o cumprimento de uma pena de quase 11 anos de prisão.
Fernández disse ter recebido o alerta da Interpol na sexta-feira, quando o governo do Panamá concedeu o salvo-conduto a Martinelli alegando "razões humanitárias" para que ele permaneça "em liberdade" enquanto realiza sua defesa legal e lida com problemas de saúde.
"Depois vamos ver como é a dinâmica rem relação ao tema do alerta da Interpol pois ele estará na Nicarágua", acrescentou o diretor policial.
Martinelli, que afirma ser um "perseguido político", foi condenado em 2023 por lavagem de dinheiro, uma decisão à qual recorreu em diversas instâncias, até que foi confirmada em 2 de fevereiro de 2024. Cinco dias depois, ele entrou na embaixada da Nicarágua.
O ex-presidente também aparece como acusado em um julgamento que será realizado em novembro sobre o escândalo de propina envolvendo a construtora brasileira Odebrecht.
Sob o governo de Daniel Ortega e sua esposa Rosario Murillo, a Nicarágua concedeu refúgio nos últimos anos a estrangeiros com casos pendentes com a Justiça, entre eles os ex-presidentes de El Salvador Mauricio Funes — já falecido — e Salvador Sánchez Cerén, e pelo menos dois ex-ministros hondurenhos, todos acusados de corrupção em seus países.
A.Thys--JdB