Journal De Bruxelles - Governo da Turquia denuncia 'provocadores' após mais uma noite de manifestações

Governo da Turquia denuncia 'provocadores' após mais uma noite de manifestações
Governo da Turquia denuncia 'provocadores' após mais uma noite de manifestações / foto: Angelos Tzortzinis - AFP

Governo da Turquia denuncia 'provocadores' após mais uma noite de manifestações

As autoridades turcas anunciaram, nesta terça-feira (25), novas detenções de "provocadores", após a sexta noite de manifestações em várias cidades do país para denunciar a prisão do prefeito opositor de Istambul, Ekrem Imamoglu.

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Sete jornalistas detidos na segunda-feira pela cobertura dos protestos, incluindo um fotógrafo da AFP, receberam liberdade condicional nesta terça-feira, anunciou um de seus advogados.

No total, 10 jornalistas foram detidos no país por acusações de "violação da lei sobre reuniões e manifestações", segundo a MLSA, uma associação de defesa dos direitos humanos.

O governo de Ancara prorrogou até 1º de abril a proibição das manifestações. As reuniões públicas foram vetadas há uma semana nas três maiores cidades do país, Istambul, Izmir e Ancara, a capital, e quase 1.200 pessoas foram detidas em seis dias de protestos.

Contudo, dezenas de milhares de pessoas voltaram a se reunir na noite de segunda-feira diante da prefeitura de Istambul.

"Nossa polícia deteve 43 provocadores e os esforços prosseguem para capturar outros suspeitos", anunciou na rede social X a ministra turca do Interior, Ali Yerlikaya.

O Conselho da Europa denunciou um "uso desproporcional da força" contra as manifestações na Turquia e mencionou a repressão ao trabalho da imprensa.

Özgur Özel, presidente do partido social-democrata CHP, do prefeito detido Imamoglu, deve visitar nesta terça-feira a prisão de Silivri para se reunir com o político acusado de "corrupção". Outros 48 coacusados estão detidos no mesmo local.

O prefeito foi designado no domingo como candidato do seu partido às eleições presidenciais de 2028 e é apontado como o principal rival do chefe de Estado Recep Tayyip Erdogan.

Os estudantes continuam mobilizados em Istambul, Ancara e Enkisehir, uma cidade universitária que fica entre as duas primeiras, e mantêm a convocação de boicote às aulas.

Os estudantes de Istambul anunciaram "uma coordenação" de suas universidades para convocar uma nova manifestação às 17H00 (11H00 de Brasília).

- Boicote -

Na tarde de segunda-feira, a passeata foi interrompida por um amplo cordão policial que impediu o avanço dos manifestantes até a sede da prefeitura, onde o partido CHP reúne a cada tarde dezenas de milhares de pessoas.

O CHP convocou um boicote de 11 marcas próximas ao governo, incluindo uma famosa rede de cafés. "Nós podemos fazer o café", disse Ozel.

Várias autoridades do governo, incluindo o chefe da diplomacia turca, Hakan Fidan, em visita a Washington, condenaram os insultos de manifestantes à mãe do presidente Erdogan.

"O ataque sem vergonha contra nosso presidente e sua falecida mãe em Saraçhane (sede da prefeitura) é produto de um colapso moral e de um espírito sujo que atenta contra a paz social", disse Fidan.

O presidente do CHP também criticou os insultos, ao afirmar que "é inaceitável misturar os protestos com insultos".

E.Goossens--JdB