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Papa Francisco fica de pé e tenta trabalhar em sétimo dia no hospital
O papa Francisco, hospitalizado desde a semana passada por uma pneumonia nos dois pulmões, levantou e tentou trabalhar, informou nesta quinta-feira (20) a Santa Sé, um sinal de que está "no caminho certo", segundo alguns cardeais.
"A noite foi tranquila, o papa se levantou e tomou café da manhã em uma poltrona", afirmou o Vaticano em um breve comunicado.
Fontes do Vaticano afirmaram que, apesar da doença, o pontífice se mantém informado e tenta trabalhar, lendo e assinando documentos, escrevendo e conversando com seus colaboradores.
Na quarta-feira, a Santa Sé explicou que os exames de sangue "mostram uma leve melhora, em particular os indicadores" de inflamação.
O anúncio de que o papa está com pneumonia - uma infecção do tecido pulmonar, potencialmente fatal - aumentou a preocupação com a saúde do líder da Igreja Católica. O diagnóstico é complexo porque o jesuíta argentino teve parte do pulmão direito removido na juventude.
A inquietação sobre sua saúde aumentou após a propagação de notícias falsas nas redes sociais, em particular no X, que relatavam a morte de Francisco em vários idiomas.
"Pelo que li e pude perceber, ele parece estar muito melhor", garante o cardeal espanhol Juan José Omella. "Vamos ver como reage à medicação. Mas, acho que há esperança", declarou à imprensa.
Os colaboradores mais próximos do pontífice e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o visitaram na quarta-feira.
Segundo a chefe de Governo, que passou 20 minutos com Francisco, o papa estava "alerta e receptivo".
"Não perdeu o seu famoso senso de humor", declarou a governante de extrema direita.
"Todos estamos preocupados com o papa", declarou o cardeal Matteo Maria Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana.
Mas o fato de o papa argentino estar se alimentando, lendo jornais e reunindo-se com pessoas "significa que estamos no caminho certo para uma recuperação completa, que esperamos que aconteça logo".
- "Incerteza" -
Uma fonte do Vaticano afirmou na quarta-feira que o papa conseguia levantar e sentar em uma poltrona. Respira sem a assistência de aparelhos, mas os médicos não descartam que precise do auxílio em algum momento.
Francisco cancelou os compromissos previstos para esta semana, incluindo uma audiência no sábado e a missa de domingo na basílica de São Pedro.
Mas ainda não foi anunciado se ele pronunciará o Angelus ao meio-dia, após a missa de domingo, que será celebrada por um cardeal.
François Mabille, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris), e diretor do Observatório Geopolítico do Religioso, afirmou que o Vaticano está agora em "uma espécie de limbo".
"Temos um papa que está doente, mas que está vivo, que pode falar. Há uma incerteza que enfraquece o papa e a Santa Sé, que é saber o que será do seu estado de saúde", declarou à AFP.
"Com certeza há preocupação, é normal", afirmou o cardeal francês Jean-Marc Aveline à margem de uma coletiva de imprensa em Roma.
Aveline destacou que o pontífice é um "lutador em todos os âmbitos" e "alguém que reza muito".
- Pedidos de oração -
Diante do hospital Gemelli, muitos fiéis se aproximaram para acender velas com o rosto de Francisco, em sinal de apoio. A Igreja pediu a todos os católicos do mundo que rezem por sua saúde.
Na praça de São Pedro do Vaticano, Suzanna Munteanu, uma turista romena, disse à AFP nesta quinta-feira que está preocupada com Francisco, mas que acredita na recuperação.
"Amo este papa [...] é muito querido, especialmente porque se preocupa com as pessoas pobres, e espero que ele se recupere rapidamente", declarou.
A hospitalização do papa, a quarta em menos de quatro anos, provocou a retomada do debate sobre sua saúde, especialmente porque a internação ocorre no início do ano jubilar da Igreja Católica, o que significa uma longa lista de eventos, muitos deles presididos pelo pontífice.
Antes da internação na sexta-feira, Francisco pareceu debilitado em cerimônias públicas, com o rosto inchado e a voz entrecortada. Ele delegou em várias ocasiões aos assistentes a leitura dos discursos.
Y.Niessen--JdB