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Viticultores franceses usam óculos de realidade virtual para aprender a podar
Com seus óculos de realidade virtual e um controle de videogame nas mãos, uma aprendiz de viticultora poda uma videira virtual graças a uma simulação desenvolvida em Charente, no oeste da França.
"É a mesma sensação" que nos vinhedos, diz Lola Billy, de 20 anos.
No caso de um corte incorreto, "podemos voltar para compreender os erros, é muito impressionante", completa.
Em uma sala do Instituto de Richemont, perto de Cognac, a estudante pratica com a ajuda de um instrutor, que observa através de uma tela.
O software se chama Ampelos em homenagem a um personagem da mitologia grega que era o companheiro de Dionísio, o deus do vinho.
Depois do treinamento, o próximo passo é trabalhar nos vinhedos da adega de conhaque Martell, à disposição dos alunos: sob o sol de inverno, os alunos operam as tesouras de poda em videiras reais.
- "Desmistificar" -
A simulação evita a sazonalidade e a incerteza meteorológica: ela pode ser ensinada durante todo o ano, enquanto na realidade essa prática só é feita nos meses de inverno.
“Também ajuda a desmistificar esse gesto técnico, que muitas vezes é visto como difícil”, explica o instrutor, lembrando que geralmente são necessários “vários anos” para se tornar um bom podador.
O Ampelos também ajuda a corrigir posturas inadequadas que podem causar dor ao podador, a visualizar a circulação da seiva na videira e, a longo prazo, a observar sua evolução ano após ano de acordo com a poda virtual realizada, explica Romain Soulié, cofundador do estúdio Nyx, próximo a Angoulême.
Graças ao apoio do Commissariat à l'Energie Atomique (CEA) e da casa de conhaque Hennessy (grupo LVMH), esse estúdio de computação lançou o Ampelos em 2024, aproveitando as inovações do mundo dos videogames.
O Instituto Richemont, que abriga mais de 300 alunos, investiu “milhares de euros” no licenciamento do software e do equipamento.
Com as mudanças climáticas, espera-se que a viticultura se expanda para novas regiões, de modo que haverá uma necessidade crescente de treinamento.
Para Mathilde Boisseau, diretora de vinhedos e vinhos da Hennessy, esta "é uma inovação aplicável em todo o mundo".
J.M.Gillet--JdB