Journal De Bruxelles - ONGs denunciam 'descumprimentos' em processo de fechamento de mina no Panamá

ONGs denunciam 'descumprimentos' em processo de fechamento de mina no Panamá
ONGs denunciam 'descumprimentos' em processo de fechamento de mina no Panamá / foto: Martin BERNETTI - AFP

ONGs denunciam 'descumprimentos' em processo de fechamento de mina no Panamá

Nove ONGs denunciaram nesta sexta-feira (16) "graves descumprimentos" do governo do Panamá no processo de fechamento da maior mina a céu aberto da América Central, ordenado pela Justiça, e ameaçaram retomar os protestos que paralisaram o país parcialmente no fim de 2023.

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As organizações deploraram a "ausência alarmante das auditorias necessárias [no processo de fechamento], de ordens para a estabilização do local", onde há risco de colapso, segundo elas, e exigiram que o governo adote "decisões concretas" para proteger o meio ambiente tropical dessa região.

A mina da companhia canadense First Quantum Minerals, situada na costa do Caribe, produzia desde 2019 cerca de 300.000 toneladas de concentrado de cobre por ano. Encerrou suas operações após mais de um mês de protestos nas ruas, depois que, em 28 de novembro, a Suprema Corte panamenha declarou inconstitucional o contrato de concessão.

"Queremos alertar à população sobre os graves descumprimentos e omissões nas quais está incorrendo o Órgão Executivo dentro do processo de fechamento" da mina, disse Alibel Pizarro, da organização CEASPA, em entrevista coletiva ao lado de líderes de outras ONGs.

"Não descartamos voltar às ruas se necessário", advertiu Guido Berguido, da associação Adopta Bosque Panamá, em alusão às manifestações que propiciaram a decisão judicial, iniciadas no dia em que o Congresso panamenho ratificou o contrato com a First Quantum, em 20 de outubro.

Joana Ábrego, da ONG CIAM, afirmou que, na mina, "há risco de colapso [...], há comunidades inteiras rio abaixo".

"Agora mesmo estamos no verão, mas, dentro de poucos meses, vão cair nessa área 3.500 milímetros de chuva", alertou, por sua vez, Ricardo Wong, da ONG Promar e presidente da filial panamenha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Após paralisar suas operações, a mina demitiu a maior parte de seus 7.000 funcionários e agora resta apenas um punhado de trabalhadores para tarefas de manutenção. Os caminhos de acesso e o porto onde o cobre era embarcado estão desertos.

Sua produção representava 75% das exportações panamenhas e 5% do PIB do país, mas as ONGs afirmam que a mina causava danos ao meio ambiente e que o "Panamá vale mais sem mineração".

E.Janssens--JdB